24 de mar. de 2013

Lc 7, 36 a 50 - Interpretação do Padre Elias

Leia antes Lucas capítulo 7, versículos 36 a 50.

Ora, isso nos deve lembrar que nunca devemos recusar a um convite para estar com as pessoas; jogar fora uma oportunidade de conviver com os outros, de sentar-nos à mesa com eles, ampliar nossos relacionamentos e, sobretudo, partilhar uma refeição: um almoço, um jantar, um lanche ou um café, que seja. Afinal, a mesa não é apenas um utensílio doméstico que serve para acomodar-nos a nós e aos nossos pratos. Ela é, principalmente, um lugar de encontro, de troca, de diálogo, de partilha e convivência. Inclusive, muitas vezes, numa mesa, se alimenta muito mais o espírito do que o corpo. Como dizia Jesus: "nem só de pão vive o homem". Aliás, a dispersão e o esvaziamento das mesas das nossas casas, são coisas bastante representativas da dispersão e esvaziamento que vivem nossas famílias, no mundo atual.
Depois, o fato de Jesus ter aceitado o convite daquele fariseu, revela-nos a importância que dá às pessoas no todo e a cada uma delas em particular. Afinal de contas, cada ser humano é uma exclusividade, um milagre vivo, um ser único e um segredo a ser desvendado. Logo, devemos, também nós, aproveitar ao máximo, toda e qualquer ocasião de encontro que tivermos com as pessoas e, mais do que isso, devemos, sempre que possível, tomar a iniciativa de tais encontros, na qualidade de seus protagonistas. Cada pessoa que encontramos representa uma oportunidade de crescimento na vida. Assim sendo, temos diante de nós, mais de seis bilhões de oportunidades de crescimento.
Por exemplo, nas viagens que empreendermos, vale a pena focar toda a nossa atenção nas pessoas dos lugares para onde formos; não apenas em prédios, monumentos, ruas, paisagens e museus. São as pessoas, antes de qualquer outra coisa, o que de mais interessante podemos conhecer em qualquer lugar do mundo a que cheguemos, desde as terras mais distantes às calçadas do nosso vizinho ao lado.
É bem verdade que estamos sozinhos na nossa unicidade e irrepetibilidade, mas os outros são indispensáveis para podermos crescer, para nos confrontarmos com eles, para aprendermos a partilhar. E, mais ainda, as pessoas que encontramos na vida constituem um significado particular e vital, de guia e orientação, de um sentido formativo, essencial e pessoal; inclusive, aquelas pessoas de quem não gostamos, que nos desagradam e nos causam problemas. Elas, também, tornam-se parte integrante do significado que damos a nós mesmos e à nossa existência.
Portanto, podemos dizer que precisamos das pessoas exatamente como elas são e do jeito com que se apresentam para nós, na sua expressão mais diversa. Cada uma delas nos provoca de uma forma bem distinta e exige de nós uma reação diferente na vida. E são essas nossas reações, nossas respostas, atitudes e pensamentos frente aos problemas provocados pelos outros, que nos irão mostrar e revelar a nossa verdadeira personalidade e, por fim, nos dirão quem somos nós, de verdade. Logo, os problemas que as pessoas nos suscitam, são, na realidade, sinais e provas, através das quais exercemos o nosso único e verdadeiro poder, o poder de enfrentá-los. Somente vivendo os problemas com os quais nos deparamos, é que vamos formando e assumindo a dignidade de ser pessoas. Pessoas, e não vítimas.
Padre Elias, jardinense que exerce seu sacerdócio em Santa Cruz da Trapa em Portugal

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