19 de jan. de 2011

Velha história

velha historia

Depois de atravessar muitos caminhos
Um homem chegou a uma estrada clara e  extensa
Cheia de calma e luz.
O homem caminhou pela estrada afora
Ouvindo a voz dos pássaros e recebendo a luz forte do sol                                                                       
Com o peito cheio de cantos e a boca farta de risos.
O homem caminhou dias e  dias pela estrada longa
Que se perdia na planície uniforme.
Caminhou dias e dias...
Os últimos pássaros voaram
Só o sol ficava
O sol forte que lhe queimava a fronte pálida.
Depois de muito tempo ele se lembrou de procurar uma fonte                                                                             
Mas o sol tinha secado todas as fontes.
Ele prescutou o horizonte
E viu que a estrada ia além de todas as coisas.
Ele prescutou o céu
E não viu nenhuma nuvem.

E o homem se lembrou dos outros caminhos.
Eram difíceis mas a água cantava em todas as fonte
Eram íngremes, mas as flores embalsamavam o ar puro
Os pés sangravam na pedra, mas a arvore amiga velava o sono
Lá havia tempestade e havia bonança
Havia sombra e havia luz.

O homem olhou por um  momento a estrada clara e deserta
Olhou longamente para dentro de si 

E voltou.

                            Vinícius de Morais   

 Página  33 do livro O Caminho para a Distância (1933), disponível em  http://www.brasiliana.usp.br/

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